17 de jul. de 2010

ENTREVISTA COM CLAUDIA GOMES

FICHA TÉCNICA
  
CLAUDIA GOMES
Claudia Gomes não é formada em Marketing, Formação Sindical, Teatro, Gestão de Negócios. Ela até que fez isso tudo, mas pela metade. Mas ainda assim é roteirista, escritora, poetisa marginal, idealizadora, sonhadora, criativa (sofre de Síndrome do Peter Pan e Criatividade Aguda), blogueira, atriz (participou de curtas, peças e webcapts), contadora de historias, oficineira, produtora e sócia da Se7e Ar7es Produções, autora de “Mariazinha em Verso e Prosa” e “Sarau da Mariazinha” e ainda este ano publica “Hecatombe Hipotética” e “Cordel da Mariazinha”. Fashionista de plantão e até gostaria de ser humorista porque acha que humor é uma coisa muito divertida... Mas acha que não leva jeito. Quando ela tenta ser divertida, as pessoas a acham fofinha. Então ela diz que já passou desta fase, bate a porta do quarto, abraça o seu ursinho e fica ouvindo musica alta. 




Entrevista:


Belluno: FALE SOBRE VOCÊ:


Claudia: Claudia Gomes é criativa. Vive sonhando, imaginando, criando. Tem dificuldade de dormir porque não consegue parar de imaginar. E nunca são coisas comuns, são as mais loucas possíveis que até ela se surpreende. Minhas poesias sempre trazem muito de mim. Eu no meu blog (com cinco blogs sou blogueira, apaixonada, convicta), mas que não sabe mudar nem o template!



Belluno: COMO ACONTECEU O SEU ENCOTRO COM A ARTE?


Claudia: Meu encontro com a arte não aconteceu definidamente. Se aconteceu, não posso dar a exatidão de quando, como um pôr do sol que vai acontecendo e você não pode dizer quando é o exato momento em que acontece, já que tudo no final da tarde cheira a pôr do sol. Desde pequenina gosto de ler, de escrever, admiro os artistas. Mas tenho duas teorias sobre eu gostar de arte em todos seus os ângulos e tipos:
1)      Eu sou muuuito sensível. Posso ter nascido artista, coisa de encarnação passada, sei lá.
2)      Tudo o que é proibido é mais gostoso. Como cresci ouvindo que arte é do diabo, acho que encapetei. Com o perdão do Divino, por favor, caso seja necessário.
Ou talvez alguém tenha alguma outra teoria: http://poesiaaosgritos.blogspot.com/2008/11/dez-artes.html



 Belluno: FALE SOBRE A ACADEMIA MARGINAL DE LETRAS E OS ENSAIOS:
Claudia: A Academia Marginal de Letras é um trabalho que pretendo fazer crescer. Crescer muito. A idéia é uma Academia - ONG que receba a todos poetas com igualdade. Ensaios é um evento dela, como as cerimônias das Academias normais. No Ensaios, pretendo que aconteça tudo: Das decisões, às cerimônias, tudo no jeito marginal de ser. A poesia aqui vira um estilo de vida e não de literatura. A proposta cresce, fica maior. O nome Ensaios simboliza a idéia do improviso, de cooperatividade, do não ao preconceito; já que podemos errar e sermos diferentes e ainda assim, aceitos. Como digo no blog do Ensaios:
“Aqui, toda arte é bem vinda, já que toda arte inspira poesia. A margem que nos coloca as editoras e poetas conservadores nos dão força e nos faz unir com os músicos, atores e demais artistas para dar novos sentidos as nossas palavras e sentimentos, para improvisar sem medo, para se inspirar e criar ou para se divertir e admirar sem compromisso.”


Belluno: COMO VOCÊ VÊ O SEU TRABALHO DAQUI A ALGUNS ANOS?

Claudia: Daqui a alguns anos... Tenho mania de anotar num caderninho tudo o que quero que aconteça. Pra me manter nos meus objetivos, focada, positiva. Mas não quero escrever nas linhas do destino, então vejo um futuro positivo na vida pessoal e no trabalho, mas é só. Sem detalhes. É que gosto de surpresas.



 Belluno: VOCÊ SE CONSIDERA UMA ATIVISTA?


Claudia: Ativista eu? Quem me dera! Gostaria de ser, já iniciei um curso de Formação Sindical no Sindibancários - ES e não terminei porque vim para o Rio de Janeiro. Gosto de lutar pelo que acho certo, gosto de ajudar sempre que posso, dou minha cara a tapa e muitas vezes saio magoada quando resolvo mostrar quem realmente sou, distribuindo meus textos e fazendo literatura marginal. Mas ativista é um nome muito forte. Um dia, quem sabe?



Belluno: O MEIO ARTÍSTICO AINDA HOJE É CONSIDERADO ‘’POLÊMICO’’ PARA A SOCIEDADE. VOCÊ JÁ SOFREU ALGUM PRECONCEITO PELAS SUAS ESCOLHAS E ATIVIDADES ARTÍSTICAS?


Claudia: Já sofri muito preconceito. Primeiro a família achava que eu não devia escolher arte por causa da religião e na escola isso não era considerado uma profissão que desse retorno. Profissão Artista não era o artista em si, era ser estrela porque só estrela ganhava dinheiro e obtinha sucesso. Mais tarde, entre os próprios artistas a aceitação foi difícil. Certinha demais, louca demais, tudo era rotulado. E tive muita gente que disse que só me ajudava se eu fosse pro caminho certo. E não estavam se referindo a arte. Se sentir isolada é péssimo. Só achei minha casa no Rio.




Belluno: VOCÊ JÁ VIVEU MOMENTOS DIFÍCEIS EM QUE PENSOU EM DESISTIR DE TUDO?


Claudia: Já tive momentos difíceis, muito difíceis. Foi quando sofri a depressão. Eu tive uma infância difícil e reprimida e o que me fez sobreviver foi o imaginário: ler e escrever eram o que me dava gás. Mais tarde num emprego sofri assedio moral, catalisador de uma depressão profunda. A vida perdeu o sentido. Engraçado é que quando passou (duros anos depois) eu amadureci, eu percebi as coisas que não tinham sido me ensinadas antes, eu tirei força pra encarar a vergonha com respeito por mim mesma. E todo meu desespero e angustia, todas as coisas ruins viraram poesia. Amadureci poeticamente, meu vício em emoções me deram uma nova perspectiva poética e, conseqüentemente, de vida.

Belluno: O QUE REPRESENTA A PALAVRA ‘’FAMÍLIA’’ PRA VOCÊ?


Claudia: Família é especial, especialíssima! Sou super a favor da família. Família é o núcleo do apoio e conforto. Familiares podem até serem chatos, mas se o aperto for grande, nós vamos poder sempre contar com eles.
Representando a família, minha doce avó em poema: http://poesiaaosgritos.blogspot.com/2009/10/tres-poemas-para-vovo.html



Belluno: CONTE-NOS UM MOMENTO INESQUECÍVEL DA SUA CARREIRA:
 
Claudia: No primeiro dia que me convidaram para contar historias fora da minha escola. Eu tinha 14 anos e as crianças menores estavam no pátio, ouvindo minhas historias. Um rapaz de uma distribuidora vinha entregar livros na biblioteca e parou para ouvir. Depois me chamou e disse que pagava R$ 30,00 para eu contar historias em escolas. Foi meu primeiro trabalho, fiquei com ele por anos. No inicio era terrível, eu tinha vergonha, me sentia atrapalhada, não conseguia controlar as crianças. Foi meu laboratório de histórias.
No meu primeiro livro. Já tinha sonhado tanto com esse momento que ele tinha se concretizado de algum outro jeito. Quando eu peguei o meu primeiro livro na mão, fingi estar empolgada. Eu não estava muito. Parece que eu já tinha aquele livro há muito tempo, que já era velho que nos conhecíamos de longas datas. Eu reli-o procurando reminiscências de novidade, mas era inútil. Ele era todo eu, autobiografia a muito tempo revelada. Fiquei orgulhosa por ter conseguido, depois de muito desejo - e trabalho. Mas nem o cheiro do livro me emocionou. Parecia que todos os livros que eu tinha lido até aquele dia se encontravam ali. Tão conhecidos e tão familiares... Eu e o meu livro... Tão comuns um ao outro... A título de curiosidade a meia empolgação foi assim: os olhos se encheram e eu disse: Que bonito! Num tom quase terno. Coisa de mãe e filho.
No que talvez valha estes posts que me fizeram pensar em fazer moda: 



Belluno: COMO FOI QUE VOCÊ CONHECEU A TV HARE.COM?


Claudia: Conheci a TVHare.com pelo facebook do Evento Ensaios. Alguém falou em parceria, não lembro exatamente quem entrou em contato, eu ou a Denise (acho que foi a Denise), mas a TVHare.com se propôs a filmar os eventos se eu conseguisse um espaço para filmagens dos Webcapts Gemminies, dos quais tive a honra de participar. Ofereci minha casa, mas um espaço que eles tinham entrado em contato antes retornou e a parceria teve que se transformar.



Belluno: O QUE ACHOU DA EXPERIÊNCIA DE FAZER PARTE DOS PRIMEIROS WEBCAPTS DO MUNDO?


Claudia: Os primeiros Webcapts foram fabulosos de fazer. Primeiro eu fiquei um tantinho nervosa pensando se ia mesmo dar certo, gravar aqui na sala de casa, o roteiro mais diferente que eu já vi, enfim... Depois me empolguei, gritei, resmunguei enfim... E divulguei depois, muito animada, que participei dos primeiros Webcapts do Mundo! Viva a TvHare.com.


Belluno: CLAUDIA... GOSTARIA QUE VOCÊ NOS DEIXASSE UM POEMA DE QUE GOSTA MUITO. AQUELE QUE MELHOR REPRESENTA VOCÊ E SEUS IDEAIS EXPLIQUE POR QUE. ESTAMOS CURIOSOS (RISOS):


Claudia: Um poema que represente meus ideais é um pouco difícil, não sei de um. Mas podem ver minhas lembranças na Adélia Prado, minhas loucuras passadas em Hilda Hilst, minha vontade de ser sempre mulher em Cora Coralina. E repeti pra mim mesma durante os anos da ditadura da loucura, que se instalou sobre mim, um poema de Drummond, “A procura da Poesia”: (...)Trouxeste a chave?/ Repara:/ ermas de melodia e conceito/ elas se refugiaram na noite, as palavras./ Ainda úmidas e impregnadas de sono, / rolam num rio difícil e se transformam em desprezo.



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